A natureza tem uma forma única de se comunicar conosco, poderíamos dizer que os tambores da Amazônia estão tocando mais alto e os sinais recentes de seca nos rios da Amazônia, morte de peixes por asfixia e as queimadas na floresta são um aviso claro de que algo está errado.
A seca nos rios da Amazônia é um fenômeno preocupante e não acontece de hoje. Os rios são a força vital da floresta, fornecendo água para a flora e fauna e sustentando comunidades ribeirinhas e são nossas estradas de escoamento para produtos e serviços. Quando esses rios secam, é um sinal de que o equilíbrio delicado do ecossistema está sendo alterado e suas consequência serão desastrosas.
As queimadas na floresta amazônica são outro sinal alarmante. Esses incêndios não só destroem a vegetação e o habitat da vida natural, mas também liberam grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global e o mal-estar de hunas e de animais, que também sofrem com as nuvens de fumaças.
O fenômeno El Niño tem um papel importante nesses eventos. Este fenômeno climático, que envolve o aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico, pode levar a condições mais secas na Amazônia, o aumento da seca e aumenta também o risco de incêndios florestais.
Mas o que realmente está agredindo e modificando as condições do clima na região amazônica é a ganância e a falta de orientação humana. A ganância vem de setores empresariais e criminosos que invadem, queimam, retiram minérios sem autorização, sequestram terras e capturam, escravizam e matam índios e ribeirinhos que tentam impedir seus avanços sobre a natureza. A falta de orientação poderíamos deixar para as comunidades ribeirinhas que também se somam a esse crime ambiental quando insistem em manter as queimadas como principal forma de limpeza e produção.
O futuro da Amazônia e dos que nela vivem está em jogo. A floresta é um dos maiores sumidouros de carbono do mundo, desempenhando um papel crucial na mitigação das mudanças climáticas. Se continuarmos a ignorar os sinais que a natureza nos dá, corremos o risco de perder este recurso inestimável e de sofrer as consequências que já podem estar em níveis irreparáveis.
Precisamos agir agora para proteger a Amazônia e os que nela habitam e dependem. E leia-se: o País e por que não dizer, o globo terrestre. Isso significa combater as causas da seca, das queimadas e desmatamentos. Também significa trabalhar para entender melhor os impactos do sistema global de climas como o El Niño e a La Ninã, desenvolver estratégias para mitigar seus efeitos e principalmente, definir projetos de desenvolvimento realmente sustentáveis para a região.
A natureza está nos dando um aviso. É hora de ouvir ou pagar o preço.
Opinião de Zé Ricardo, coordenador do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar no Amazonas, sobre a situação climática na Amazônia, principalmente Amazonas