Gabriel Laborda
Transportar uma história das páginas de um livro para as telas do cinema não é tarefa fácil. Mesmo assim, tem diretores que encaram o desafio, e mesmo quando acertam a mão e agradam ao público, eles acabam deixando os autores das obras adaptadas bem insatisfeitos. Aconteceu com o mestre do terror Stephen King e com o autor de A Laranja Mecânica, que simplesmente odiou a versão hollywoodiana de Alex DeLarge e sua turma. E olha que foi “só” o Kubrick que adaptou as duas obras, hein!
1 – Stephen King – “O Iluminado”
Apesar de ser idolatrado por muitos cinéfilos, “O Iluminado” desagradou seu autor. Stephen King disse que apesar de admirar demais o diretor Stanley Kubrick, ele não conseguiu captar a essência sobrenatural e maquiavélica do próprio Hotel Overlook. Ao invés disso, preferiu apostar na maldade humana dos personagens. Nem mesmo Jack Nicholson escapou das críticas: seu papel não era para ser o de um lunático, como aconteceu no longa-metragem.
2 – Anne Rice – “Entrevista com o Vampiro”
O filme juntou alguns dos maiores galãs dos anos 90, como Tom Cruise, Brad Pitt e Antonio Banderas, mas Anne Rice disse que não haveria elenco mais bizarro para sua obra. Apesar disso, ela mordeu a língua e aceitou que Cruise teve uma boa atuação como o vampiro Lestat. Já “A Rainha dos Condenados” foi odiado pela autora, que pediu para seus fãs não assistirem ao filme.
3 – Anthony Burgess – “Laranja Mecânica”
Sejamos justos: Burgess não odiou apenas a versão cinematográfica de “Laranja Mecânica”, já que ele também se arrependeu de ter escrito o livro no qual o filme foi baseado. Apesar de pensar em um jogo mental para suas escritas, Anthony Burgess diz que o longa-metragem glorificou a parte violenta e sexual de sua obra. “Isso vai me perseguir até eu morrer”, reclamou.
4 – Roald Dahl – “A Fantástica Fábrica de Chocolates”
O autor odiou tanto o Willy Wonka interpretado por Gene Wilder (não o culpo, me desculpem) que prometeu que nunca iriam fazer um filme da continuação de sua obra, intitulada “Charlie e o Grande Elevador de Vidro”. Isso não impediu que outros filmes baseados em livros de Dahl chegassem aos cinemas, como “James e o Pêssego Gigante”, “Matilda” e “O Fantástico Sr. Raposo”.
5 – Richard Mateson – “Eu Sou a Lenda”
Não basta uma e nem duas adaptações ruins: Mateson detesta as três adaptações do livro “Eu Sou a Lenda”. O filme “Mortos que Matam” (1964) é o que mais segue a história do autor, mas falhas de direção e elenco fizeram com que ele se decepcionasse. Já “A Última Esperança da Terra” (1971) é o que menos incomoda, justamente por ter mudado praticamente tudo que Mateson escreveu. Por fim, o filme “Eu Sou a Lenda” (2007) destruiu completamente o final criado pelo escritor. Que sina, hein?
6 – P.L. Travers – “Mary Poppins”
A autora até tinha uma suposta influência no roteiro do longa-metragem, mas várias de suas anotações foram sumariamente ignoradas. Uma das coisas que Pamela Lyndon mais odiava era a insistência dos estúdios Disney em manter as cenas de animação de “Mary Poppins”. Ela passou a maior parte da estreia chorando e não deixou que outros filmes com a personagem fossem adaptados para a telona.
7 – Winston Groom – “Forrest Gump”
É com a frase “Nunca deixe ninguém fazer um filme sobre a história de sua vida” que o segundo livro de “Forrest Gump” começa. A revolta do autor é porque os produtores do filme teriam alterado demais a sua obra original. Para piorar a relação de Groom e Hollywood, ele não recebeu os 3% sobre os lucros do filme e sequer foi citado nos discursos de agradecimento do Oscar – “Forrest Gump” arrecadou US$ 677 milhões ao redor do mundo e ganhou seis estatuetas.
Aposto que ficou bem surpreso se chegou até o fim da lista e possivelmente encontrou seu filme preferido… Ficamos por aqui.
Até a próxima gafanhotos!
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