Manaus,23 de novembro de 2024

Amazonas divulga primeiros resultados no Brasil sobre uso da cloroquina em pacientes com Covid-19

Em entrevista coletiva realizada na manhã de hoje (06/04) e transmitida pelas mídias sociais o governador Wilson Lima e o dr. Marcos Lacerda, médico infectologista da Fundação de Medicina Tropical (FMT), apresentaram os primeiros resultados no Brasil do uso de cloroquina no tratamento de pacientes com Covid-19.

De acordo com Lacerda durante os últimos 14 dias uma grande equipe – aproximadamente 70 pessoas – trabalhou diuturnamente para produzir uma pesquisa estatisticamente significante, do ponto de vista científico. Os pesquisadores estão alocados no Hospital Delphina Aziz, onde, até ontem (05/04), oitenta e uma (81) pessoas entraram no protocolo de uso da cloroquina.

O tratamento com cloroquina foi direcionada apenas a pacientes em estado grave. Por esse motivo não houve grupo de controle, ou seja, o grupo que não tomou remédio, pois, para Lacerda, não seria ético deixar pacientes sem o medicamento.

Foram testadas duas doses de cloroquina. A “dose baixa”, utilizada no Estados Unidos e outros países e a mesma recomendada pelo Ministério da Saúde do Brasil. E outra “dose muito alta” utilizada na China, nos tratamentos iniciais da pandemia. O que se buscou no estudo foi comparar as duas doses e averiguar a toxicidade da dose maior no organismo dos pacientes, ministrando o medicamento durante 10 dias seguidos aos dois grupos diferentes.

De acordo com Lacerda, concluiu-se que a dose muito alta de fato tem maior toxicidade, levando mais pacientes para internação. Para chegar a essa conclusão o estudo teve o cuidado de fazer o monitoramento cardíaco dos pacientes, o qual identificou a toxicidade da dose manifestada pela arritmia cardíaca dos intoxicados. Sendo, portanto, desaconselhado que a dose alta seja usada em tratamentos de Covid-19. Outra conclusão é que a dose mais baixa de cloroquina pode ser utilizada em pacientes mais graves sem risco do tratamento levá-los a morte ou de fazer algum outro malefício.

Quanto ao questionamento se a cloroquina funciona ou não, Lacerda explicou que no estudo realizado do Hospital Delphina Aziz não houve grupo que não utilizou cloroquina, portanto os pesquisadores buscaram dados na literatura internacional de internações no mesmo modelo feito no Amazonas. Esses dados internacionais mostraram que a letalidade, o risco de morrer, é de 18% nos doentes de Covid-19. Nos pacientes do estudo, medicados com cloroquina, o risco de morrer fica em 13%, ou seja, um percentual um pouco mais baixo que a literatura internacional. Lacerda explicou ainda que como são poucos dados coletados pode ser que o resultado do estudo esteja dentro de uma margem de confiança que ainda é igual, para mais ou para menos. Contudo, afirma que não será interrompido o uso de cloroquina para tratamento dos pacientes.

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