Manaus,23 de novembro de 2024

Joana D’arc: a missionária

No último dia 30 de maio a deputada estadual Joana D’arc (PL) foi anunciada como líder do governo na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM) com a missão de fazer a interlocução entre o governo e a casa legislativa.

A parlamentar é estreante na ALE-AM, porém, já acumula a experiência do mandato de vereadora na Câmara Municipal de Manaus e vem numa trajetória ascendente em sua carreira política.

Um grande desafio

Assumir a liderança do governo é um desafio e tanto. O posto ficou vago por 2 meses e vários nomes gostariam de ocupá-lo, porém, o governador Wilson escolheu a protetora dos animais para tocar a missão espinhosa.

Jovem e destemida Joana entrou na canoa sabendo que a mesma está “fazendo água”, mas aceitou o desafio acreditando que pode ajudar a mudar o rumo do governo.

Os problemas do governo são evidentes mas vem sendo ignorados pelo staff do governador e cabe a nova líder colocar o dedo na ferida para que as coisas tomem rumo, transformando a situação de permanente instabilidade política em pautas positivas e em soluções de problemas para a população. Agora, ela precisará ser vigilante e cuidadosa, pois os interesses são diversos e os jogadores são capazes de tudo.

Problema evidente 1: A Assessoria direta do Governador

A assessoria direta do governador vem deixando erros crassos acontecerem. E um desses erros é a recorrente ausência do governador no estado. Viaja muito, mas não traz resultados positivos. A impressão é que faz turismo com dinheiro público.

A ausência em momentos críticos, como quando da última crise do sistema prisional do estado, demonstra a falta de noção da assessoria sobre a grandeza e a importância do cargo. Fazer pensar por 10 segundos nos desdobramentos políticos de uma decisão intempestiva é função dos assessores.

Obviamente não é papel da líder do governo interferir na assessoria do governador. Mas é uma situação muito complicada defender o indefensável.

 Problema evidente 2: O Secretariado disperso

Estamos no sexto mês do ano e não há por parte do secretariado do governo nenhuma ação relevante para sanar os problemas do estado que não são simples, nem são poucos.

Cada secretaria está “cuidando do seu” e não planejando em conjunto ou uma agenda única que una os secretários. O fato é que falta uma liderança com pulso para tomar as rédeas e fazer a máquina estatal rodar com planejamento em curto, médio e longo prazo e definindo metas.

Problema evidente 3: A SECOM

A Secretaria de Estado de Comunicação, até mesmo pelo desempenho apático das outras pastas, não está tendo muito o que comunicar. Mas a apatia surge de dentro da própria Secom que terceirizou sua função para alguns veículos de comunicação escolhidos “a dedo” para reportarem à população as ações do governo.

Atualmente as aparições do governador só servem para ele desfraldar um rosário de lamentações sobre a situação financeira do estado. A eleição acabou, mas ainda não mudaram o discurso de palanque. Agora o momento é de propor soluções e implementá-las.

Problema evidente 4: Construir pontes

A separação dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) visa torná-los independentes e coesos entre si, mas com limitações mútuas. Desta forma a ALE-AM limita o Governo do Estado que não está livre para agir a vontade e deve garantir constantemente apoio do parlamento estadual. Essa apoio é chamado de governabilidade.

Desde o início do mandato do governador Wilson Lima essa governabilidade não ficou evidenciada. Um dos motivos principais é a incapacidade do governo do estado de manter um diálogo saudável e produtivo com os parlamentares.

Todo parlamentar representa interesses de grupos sociais diversos que compõem sua base eleitoral. Compreender esses interesses e, na medida do possível, atender as demandas do parlamentar ajuda a construir pontes e convergir interesses.

Por outro lado, tentar impor aos parlamentares pautas sem discutir é um caminho que leva a conflitos e faz com que a governabilidade sonhada fique cada vez mais distante.

A deputada Joana tem a missão de construir essas pontes. Se irá conseguir, só o tempo nos dirá. Mas será preciso ficar atenta aos desencontros da equipe do governador e ao fogo amigo que virá caso comece a confrontar quem está atrapalhando o governo.

 

 

 

 

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