Os eleitores de 16 e 17 anos, cujos votos são facultativos, estão cada vez mais ativos nas eleições e podem, inclusive, ajudar a decidir a eleição para a Prefeitura de Manaus. Segundo Tribunal Superior Eleitoral (TSE ), em 2018 e 2022, nas eleições gerais, o comparecimento médio de eleitores dessa faixa etária às urnas aumentou 52,3%.
Em todo o Brasil, 2,1 milhões de eleitoras e eleitores jovens estavam aptos a votar em 2022.
Nas eleições municipais de 2020, Manaus teve 1.415.959 eleitores aptos a votar. Os jovens de 16 e 17 anos foram 8.330 eleitores. Os adultos de 18 anos eram 16.250 e os de 19 anos, 25.106.
Apesar de não ser a faixa etária dominante, os números sugerem que os jovens podem ter um papel mais significativo do que se imaginava, especialmente em cenários de segundo turno e em municípios onde a disputa é acirrada.
Para Carlos Santiago, cientista político e Coordenador do Comitê Amazonas de Combate à Corrupção, essa curva no aumento de jovens nas eleições é uma conquista crescente e pode sim ascender nas urnas.
“A construção dos jovens de votar foi uma conquista devido à participação da juventude no processo de redemocratização do país e também para que fosse criado uma cultura de participação política e de fortalecimento da democracia brasileira. De lá para cá, a movimentação política excluiu os jovens das estruturas de poder e também dos partidos políticos. Hoje, os movimentos estudantis de juventude estão enfraquecidos, por isso é muito difícil afirmar na atual conjuntura política do estado e de Manaus qual será o caminho do eleitorado jovem nas eleições municipais”, observa Santiago.
O especialista explica que no momento político atual os eleitores tem um candidato a reeleição que mantém essa comunicação com os jovens através de eventos e ações e um candidato jovem, que naturalmente já tem esse diálogo.
“Tudo vai depender das estratégias de comunicação, das estratégias de promoção de políticas públicas. E atualmente não dá para indicar com clareza qual é o rumo do eleitorado jovem. Somente as pesquisas eleitorais no período oficial de campanha é que serão identificados os candidatos preferidos dos jovens. Enquanto isso, os dois principais candidatos, ou os dois principais pré-candidatos, David e Amom, ascedem para esse eleitorado”, afirma o especialista.
Para o cientista político Helso Ribeiro, embora o eleitorado jovem não seja majoritário, sua participação não deve ser subestimada. Ele ressalta que o Brasil é um dos poucos países a permitir o voto aos 16 e 17 anos, tornando essa faixa etária uma variável importante em certos contextos eleitorais.
O especialista também ressalta a importância desses candidatos conversarem com essa faixa etária de idade. “É bom lembrar que o Brasil é um dos pouquíssimos países que permite votos com 16 e 17 anos. De 200 países do mundo não tem 10%. Acho que não tem nem 5%. Deve ter uns 8 países por aí que permitem votos de 16 e 17 anos. O Brasil é um deles. Agora, o número de eleitores nessa idade é muito pouco. Se você aumentar a faixa etária até os 25, que também é considerado jovens, aí aumenta consideravelmente. Então, eu acredito que os políticos, principalmente os candidatos ao cargo majoritário, eles terão sim que ter um discurso que essa faixa etária de 16 a 25 anos se identifique”, finalizou.