Manaus,5 de novembro de 2024

Entenda porque o Norte é a região com menos competitividade no Enem

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A região Norte do País é a que apresenta atualmente o pior índice educacional do País. A situação foi evidenciada por uma pesquisa recente elaborada pelo Instituto Unibanco em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ). O Raio-x mostra, ainda, que a região tem a menor competitividade do país na disputa por uma vaga de ensino superior.

No geral, o Norte ficou com a média de 517,5, sete percentuais a menos que a segunda colocada, região Centro-Oeste. A melhor colocação ficou com o Sudeste, com 534,7. Confira o ranking:


A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas, Ana Cristina, que atua como pedagoga há 36 anos, explica que o Norte é a região do Brasil que menos se dedica, não por conta da falta de interesse, mas principalmente por não ter o incentivo e por ter poucas condições de fomento à educação. Soma-se a essas questões, ela também destaca que as condições climáticas e geográficas do estado são dificuldades cotidianas.

“O Norte não é a região que menos se dedica, ela é a região que menos incentivos tem e que menos condições são oferecidas tanto para os trabalhadores, quanto para os alunos, para que esses alunos possam estar visualizando e ingressando no ensino superior, principalmente pelas nossas condições geográficas e climáticas que são as primeiras que nos penalizam. É preciso ter um olhar diferenciado pelo administrador público que estiver no momento e também pelo governo federal quando se tratar da região norte, tratar a região norte com as suas especificidades, com as suas diferenças em relação às demais regiões e principalmente,  precisa tratar o aluno e o profissional do Norte com o valor que eles têm”, destacou. 

Desencontro entre alunos e graduações

Dados da pesquisa destacam que alunos pretos, pardos e indígenas não conseguem as mesmas oportunidades que brancos e amarelos mesmo estudando em escolas particulares e com um nível social similar. A pedagoga explica, ainda, que o ensino no Amazonas não acompanha as mudanças do mercado de trabalho, e destaca que os jovens, muitas vezes acabam ficando sem norte por conta das diversas alterações no sistema educacional.

“Não só as desigualdades sociais, mas também, a questão da desigualdade geográfica. Para você, hoje, transitar dentro da região norte é muito mais caro e leva muito mais tempo do que você transitar em qualquer outra região do país, e existem escolas no Amazonas que para chegar lá, você vai pegar um avião, vai pegar uma lancha, e depois um barco de porte menor então são muitas as desigualdades.O norte tem que ser visto com o olhar diferenciado e o trabalhador em educação é um herói, que muitas vezes, ele desenvolve a sua função tendo apenas um pincel (que ele tira dinheiro do próprio bolso para comprar) e um quadro branco”, ressaltou. 

Baixo engajamento

A necessidade de ter que se dividir entre estudo e trabalho, muito comum entre jovens no Amazonas, também é um fator a ser considerado, na opinião da presidente. “Não é que o aluno, o jovem, o adulto prefira trabalhar no comércio. Muitas vezes, é difícil você ir para a escola sem ter a alimentação para o dia, sem que você possa estar se dedicando, como se dedica o filho de alguém que está no sudeste, e até no sudeste, nós temos também essa dificuldade. Infelizmente as nossas condições nos penalizam. O Amazonas ficou muitos anos em penúltimo, e hoje ocupa o último lugar nesse ranking do Enem, infelizmente”, finalizou.

Por: Luiz Benjamin

 

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