Manaus,23 de novembro de 2024

Indústria e Comércio apontam efeitos da seca no abastecimento do Estado

Com a seca recorde que o Amazonas, a preocupação com o abastecimento no Estado é crescente e a dúvida que paira é se há riscos de faltar produtos essenciais para a população. Com o níveis baixos dos rios, as balsas que fazem o transporte de mercadorias não estão conseguindo acessar algumas localidade e, quando conseguem, demoram mais tempo do que o previsto. 

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL-MANAUS), Ralph Assayag, comentou os efeitos já percebidos no comércio. Segundo ele, a situação se agrava a cada dia, e, recentemente, cerca de 2.400 contêineres foram devolvidos, impactando a logística de abastecimento do Estado. “A carga que está chegando é a Rodofluvial, que vem em carretas até Belém e carregam nas balsas até Manaus, mas ela não consegue suprir a sua totalidade de Manaus, porque, no máximo, com todo esforço, ela consegue chegar a 40% do nosso abastecimento. Também, o que vem em carga de Porto Velho até Manaus, pelo Rio Madeira, só 30% da carga pode ser colocada em cima da balsa. E ela não pode trafegar à noite, então é outro problema de tempo e de custo, porque o preço da balsa vai ser cobrado como ela tivesse cheia”, explicou.

De acordo com o presidente da CDL-Manaus, embora possa ocorrer escassez de produtos específicos, os alimentos essenciais não devem faltar. “Vai ter produtos faltando, o produto Y, o produto X. Eu não acredito no desabastecimento de faltar alimento, mas vai ter arroz que não vai ter de uma marca, porém vai ter que ter de outra marca e a corrida que está para trazer rodofluvial é muito grande”, declarou. 

Reflexo nos preços

O presidente da Fecomércio AM, Aderson Frota, também compartilhou sua preocupação com o desabastecimento e alertou que os amazonenses sentirão o impacto da seca no aumento nos preços das mercadorias, devido aos custos elevados de frete. “Os aumentos de fretes, vão acabar refletindo no preço das mercadorias, repercutindo de forma negativa na vida das pessoas, que normalmente irão sacrificar ainda mais o consumidor que está compelido por dívidas, por inadimplência, por uma série de fatores. Então, nós estamos ouvindo todos os atores para que a gente possa definir quais são os pleitos que nós vamos realmente fazer junto às autoridades”, Aderson Frota.

Abastecimento de Insumo no PIM

A severa seca no Amazonas, tem afetado o Polo Industrial de Manaus (PIM) também. Recentemente o presidente do Sindmetal-AM (Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas), Valdemir Santana, anunciou que 35 empresas do PIM iriam adiar as férias coletivas por conta da baixa navegabilidade dos rios da Amazônia. Segundo Valdemir, a seca impede o transporte dos navios cargueiros, que trazem os contêineres da Ásia com os insumos (partes e peças) para o setor de eletroeletrônico e que as indústrias já estariam com problemas de estoques para tocar a produção.

Suframa 

O superintendente da Suframa, Bosco Saraiva, negou as informações do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal-AM), de que as férias coletivas das indústrias do Polo Industrial ocorram pela falta de insumos devido à estiagem. Segundo Bosco, o ‘recesso’ é comum no fim do ano, que foram antecipadas.

Um dia depois da afirmação de Bosco Saraiva, a Samsung Eletrônica da Amazônia Ltda foi a primeira empresa a informar oficialmente que irá antecipar as férias coletivas de parte dos colaboradores.

De acordo com o vice-presidente da fábrica da Samsung, Woo Yong Lee, a antecipação das férias coletivas, que está programada para o período de 30 de outubro a 14 de novembro, ocorrerá em razão da vazante recorde dos rios, que impede a chegada de insumos essenciais à produção da fábrica.

Entramos em contato com a Suframa, para obter um posicionamento após a controvérsia que surgiu. A instituição declarou que as informações repassadas são frutos de dados coletados de empresas especialistas no tema. “Em relação ao assunto, a Suframa trabalha com dados oficiais apresentados pelas entidades ligadas à indústria, entre elas o Cieam”, aponta o órgão em nota.

 

 

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