A atual secretária de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, alega que cerca de 3.679 dos municípios brasileiros, ou seja, 66% de um total de 5.570, não estão preparados para as mudanças climáticas. Ela ressalta à Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados que o governo está prevendo planos setoriais que favoreçam a mitigação do problema e a adaptação.
Em seminário que ocorreu na última quinta-feira (19/10), convidados e a deputada Socorro Neri (PP-AC) alegam que parcelas significativas das autoridades públicas e da população ainda não possuem o “senso de urgência” necessário para enfrentar o tema.
Ana Toni também disse que 4 milhões de pessoas no Brasil foram afetadas por eventos relacionados às mudanças climáticas entre 2013 e 2022, como a redução das chuvas entre o centro e o norte do País e as inundações nas regiões sul e sudeste. De acordo com a secretária, essas mudanças devem fazer com que 10,6 milhões de hectares relacionados à agricultura sejam perdidos até 2030. Muitas culturas, apontou a secretária, terão de ser deslocadas de lugar.
O coordenador de Política Socioambiental do Instituto Democracia e Sustentabilidade, Marcos Woortmann, diz que os agentes públicos vêm fazendo escolhas ruins do ponto de vista da segurança alimentar, privilegiando a agricultura de exportação. Ele relembrou que as mudanças climáticas devem tornar essas opções mais difíceis.
Segundo Wortmann, a soja recebeu R$ 56 bilhões em subsídios em 2022, enquanto a cesta básica teve metade disso. Ele também citou o exemplo dos investimentos na Ferrogrão, ferrovia que busca escoar os produtos de exportação. O coordenador também pediu aos parlamentares que revejam a permissão para que as propriedades rurais localizadas no Cerrado possam desmatar até 80% dos seus espaços.