O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, em entrevista divulgada neste domingo (13/08), que as prisões de seus ex-auxiliares tiveram o objetivo de forçar delações premiadas e atingi-lo. As declarações foram dadas durante uma entrevista que ele concedeu ao canal Te Atualizei, do YouTube.
Sorridente e descontraído, o ex-presidente não mencionou a operação da Polícia Federal de sexta-feira (11/08), que investiga venda de joias que recebeu enquanto ocupava a Presidência.
O canal escolhido por Bolsonaro é de Bárbara Destefani, que já foi alvo de investigação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por propagar informações falsas e ataques ao sistema eleitoral. O perfil dela já foi apontado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, como um dos que atuam “com a nítida finalidade de atentar contra o estado democrático de direito”. Por ordem do STF, os canais dela ficaram fora do ar entre janeiro e junho.
Sem falar na operação, Bolsonaro mencionou as prisões de pessoas de seu entorno, nomeando os ex-ajudantes de ordens, Mauro Cesar Barbosa Cid e Luis Marcos dos Reis. Os dois foram presos no dia 3 de maio no bojo da operação Venire, que investiga fraudes nos cartões de vacinação do ex-presidente e sua filha. “Eu tenho dois auxiliares diretos meus presos há 90 dias. Tenho dois que não eram diretos meus que estão presos ainda, são da ativa, que são o Cid (Mauro Cesar Barbosa Cid), mais o sargento Reis (Luis Marcos dos Reis).”
Delação premiada
Em seguida, Bolsonaro disse que o objetivo das prisões seria forçar delações premiadas. “O objetivo é sempre uma delação premiada. Vai delatar o quê? E o outro (objetivo), é me atingir.” Na entrevista, ele não deu detalhes sobre quem seriam os outros dois auxiliares diretos. Além de Mauro Cid e Reis, a Polícia Federal prendeu Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal na última sexta, e Ailton Barros, militar expulso do Exército, que na campanha passada se identificava como o “01″ de Bolsonaro no Rio.
Antes de mencionar os aliados presos, Bolsonaro disse que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro “está indo muito bem” e falou dos manifestantes que também estão encarcerados. “Logicamente não esqueço o sofrimento das 200 e poucas pessoas. São seis meses presos.”
Geradora de Conteúdo
Barbara Destefani é uma das principais produtoras de conteúdo em apoio ao ex-presidente nas redes sociais. Ela recentemente participou, ao lado de parlamentares bolsonaristas e de outros apoiadores, de um palestra chamada “Institucionalização da censura no Brasil” na Comissão de Comunicação da Câmara dos Deputados, um evento repleto de críticas ao Poder Judiciário. Ela já teve o alcance de seus vídeos restringidos temporariamente no YouTube.