Normalmente avesso a polêmicas, o presidente Michel Temer usou pela primeira vez sua conta pessoal no Twitter para reagir aos ataques ao seu governo veiculados na propaganda eleitoral e mirou o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin.
Em dois vídeos dirigidos diretamente ao tucano, a quem chama de Geraldo, Temer apela para que ele “seja realista” e “não atenda aos que dizem seus marqueteiros; atenda apenas à verdade”. Os posts, que somam três minutos, foram divulgados na noite de quarta (5) e nesta quinta-feira (6), e viralizaram na internet, ultrapassando 700 mil visualizações nesta manhã.
No primeiro vídeo, o presidente destaca que o tucano classifica como “desastre” os resultados das áreas de educação, saúde, indústria e comércio e trabalho – ministérios entregues ao DEM, PP, PRB e PTB – partidos que hoje apoiam a candidatura Alckmin e que também compõem a base do governo Temer. “A verdade significa que fizemos muito por essas áreas conduzidas por aqueles que hoje apoiam sua candidatura”, disparou. “Se você vier a ganhar a eleição, essa base será sua base governamental”, completou Temer.
“No segundo vídeo, o presidente lembra que o PSDB participou ativamente de seu governo indicando os titulares dos ministérios das Relações Exteriores – ainda hoje entregue a um tucano – , cidades e secretaria de Governo, essa última “dentro do Palácio do Planalto”. Segundo Temer, todos os tucanos fizeram um “belíssimo trabalho”. Ele esqueceu de mencionar o Ministério de Direitos Humanos, que também esteve sob comando do PSDB. Temer disse ainda que sempre apoiou as candidaturas de Geraldo Alckmin, mas que ele “era diferente”.
Geraldo Alckmin
No final da manhã, o candidato do PSDB reagiu às declarações do presidente também no Twitter, em duas postagens, mas sem gravar vídeo. Ele admitiu que participou do governo, mas não votou em Temer. “Eu não votei no Temer; ele era da chapa da Dilma. Eles se escolheram duas vezes (…). Votamos no que acreditamos, independentemente de fazer parte do governo.”
Em outra manifestação, Geraldo Alckmin atacou diretamente Michel Temer. “O problema não são os ministros, mas o presidente que não tem liderança nem legitimidade”.
Novo vídeo no Twitter
No início da tarde desta quinta-feira, em mais um vídeo publicado no Twitter, o presidente se dirigiu ao candidato a vice-presidente pelo PT, Fernando Haddad. Temer começa o vídeo lembrando a situação de indefinição em relação à candidatura presidencial do PT: “Haddad, eu quero falar com você. Você que pode ser candidato a vice-presidente ou candidato a presidente da República, não sei bem como serão as coisas”.
O presidente recomenda então que Haddad leia a Constituição Federal antes de chamá-lo de “golpista”. “Na Constituição está escrito que, quando um presidente é impedido, o vice-presidente constitucionalmente assume. É que hoje Haddad, ninguém quer cumprir a Constituição, ninguém quer cumprir Lei. As pessoas querem fazer aquilo que você está fazendo, ou seja, inventar coisas da sua própria cabeça”, disse ao lembrar o processo de impeachment sofrido por Dilma Rousseff, em 2016.
Em outro trecho do vídeo, que tem um minuto e 47 segundos, Temer rechaça as críticas do PT à reforma trabalhista. O emedebista sugere que Haddad leia o Artigo 7 da Constituição Federal que traz os direitos dos trabalhadores. “Ninguém pode alterar essas medidas, Haddad. Não adianta você dizer que nós tiramos direitos dos trabalhadores porque eles estão em uma lei maior, na Constituição. Ninguém pode tirar direito dos trabalhadores, como não tirei. Ao fazer a reforma trabalhista, o que nós estamos gerando, em brevíssimo tempo, é a oportunidade de emprego, é a oportunidade de postos de trabalho”, afirmou ressaltando que, somente em 2018, 448 mil carteiras de trabalho foram assinadas e 1,5 milhão de postos, criados.
Por fim Michel Temer pede que Haddad tenha cuidado. “Se você algum dia ocupar algum cargo, vai ter que colocar a Constituição ao lado e segui-la como eu sigo, tome cuidado Haddad, tenha cuidado”, alertou.
A assessoria do PT foi procutrada, mas até o fechamento da reportagem não comentou o assunto.
Com informações da Agência Brasil
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