Manaus,22 de outubro de 2024

Pré-candidato a deputado estadual Julio Lins conta aspirações e se defende de acusação: ‘foram ataques levianos’

Laize Minelli

Da leva de políticos novos no estado, o proeminente Julio Lins, 21, recém filiado ao Partido da Mobilização Nacional (PMN) se destaca e promete uma liderança juvenil diferenciada. Com uma carreira trilhada em movimentos militantes como o ‘Livres’ e o ‘Vem pra rua’ que repercutiram nacionalmente, este último ajudando no impeachment da então presidenta Dilma Rousseff (PT). Julio surge no cenário amazonense como rosto e sangue novo para encarar as eleições e a vida parlamentar.

Todo essa notoriedade e prestígio acabou sendo maculado às vésperas do anúncio da sua pré-candidatura como deputado estadual. A notícia de que era funcionário ‘fantasma’ na prefeitura de Manaus correu os sites da cidade e até do país.

Em entrevista ao COMUM, o pré-candidato conversa sobre os líderes que o inspiram, seus projetos de campanha, o estouro da polêmica sobre seu trabalho como chefe da Divisão de Articulação Político- social, e suas aspirações para o país.

COMUN: Quando houve esse despertar da veia militante, política em você?

Julio Lins: Despertei interesse na política muito cedo, por volta dos 14 ou 15 anos, com as aulas de sociologia, filosofia e história que assisti no Adalberto Valle, minha escola. Sempre tive facilidade para falar em público, gostava de escrever e lia pelo menos um livro por semana. Vivia para os meus estudos e sonhava em ser diplomata ou político.

Em 2012, organizei minha primeira manifestação ao lado de alguns amigos da escola. Nessa mesma época, descobri que poucas pessoas sabiam cantar o hino do Amazonas. Foi então que eu convenci os alunos da minha sala a aprenderem o hino para uma apresentação no auditório da escola. A repercussão foi sensacional.

Fui aprovado para Direito na UEA, em segundo lugar, aos 16 anos, quando ainda cursava o 2° ano do Ensino Médio. Fiz a prova de avanço e fui direto para a faculdade. Fui representante de sala em todos as instituições em que estudei. Também fui o conselheiro universitário mais novo da história da UEA, com 17 anos.

COMUN: Quais os líderes políticos que te inspiram e quais as causas que você é mais engajado?

Julio Lins: No início da minha trajetória, eu me inspirava em muitas figuras da história. Winston Churchill, Otto von Bismarck, Ulysses Guimarães, entre outros.

Depois, vivendo a política de perto, descobri que nesse mundo não existe uma luta entre o bem e o mal, mas sim um eterno confronto de ideias, que alguns chamam de “guerra política” ou “ocupação de espaços”. Muda o país, estado ou cidade o grupo que conseguir estar mais consolidado nas universidades, bairros, igrejas, enfim, na sociedade – com reflexos na representação política e, consequentemente, nas votações das Casas Legislativas e nos projetos do Executivo.

As causas se tornaram muito mais importantes para mim. Nesse sentido, sempre defendi a liberdade: empreendedorismo, redução de impostos, aumento de competitividade, privatizações, etc.

COMUM: Qual a sua filiação partidária e como escolheu?

Julio Lins: Estou filiado no PMN, que no Amazonas é presidido pelo vereador Chico Preto.

Fiz essa escolha porque enxerguei a possibilidade de ter independência para defender as ideias em que eu acredito. Nessas eleições, estamos preparados para eleger representantes tanto na Assembleia Legislativa, quanto na Câmara dos Deputados.

COMUM: O que você acredita que precisa mudar para um Brasil melhor?

Julio Lins: A resposta para essa pergunta é o que realmente me motiva a estar na política.

O Brasil tem muitos problemas estruturais, que engessam a nossa capacidade de produzir e competir com potências mundiais.

Nossa educação básica, segundo o PISA, é uma das piores do mundo, com graves reflexos no mercado de trabalho. Nossa infraestrutura está muito atrás do ideal, gerando desperdícios e encarecendo nossas cadeias produtivas.

Temos um Estado inchado, burocrático e corrupto, detentor de estatais que precisam ser privatizadas o quanto antes. Além disso, temos uma carga tributária que consome mais de 1/3 do nosso PIB, uma dívida interna crescente e um déficit fiscal descontrolado, com gastos que superam, em muito, nossas receitas.

Todas estas mudanças são políticas. Logo, precisamos de tomadores de decisão que coloquem o Brasil em primeiro lugar, com coragem para reformar o país em prol de competitividade e de geração de emprego e renda.

COMUM: Você vai concorrer às eleições para deputado estadual nas eleições deste ano?

Julio Lins: Sou pré-candidato a deputado estadual pelo PMN, sendo um dos nomes do movimento LIVRES (que vai lançar candidatos em todo o país), na disputa aqui no Amazonas.

Foto: Divulgação/Assessoria

COMUM: Quais as suas propostas?

Julio Lins: Defendo três pilares de atuação: 1) combate a privilégios, 2) combate à alta carga tributária e 3) defesa do empreendedorismo.

  1. Estou comprometido em abrir mão de inúmeros privilégios de que os deputados dispõem, como o auxílio-paletó. Isto porque quero dar o exemplo e mostrar para a população que, se as reformas são desagradáveis, porém necessárias, que sejam primeiramente desagradáveis para os políticos.
  2. Vou combater os altos impostos no Amazonas, em especial o ICMS, que, por tributar o consumo, castiga especialmente os consumidores – os quais deixam de ver seu dinheiro sobrar no final do mês para ter de encher a conta bancária do governo, sem a devida prestação de serviços públicos de qualidade. O que é essencial para as pessoas – saúde, segurança e educação – está um caos. Precisamos de um choque de gestão que deixe claro quais são nossas prioridades.
  3. Defenderei o empreendedorismo, para promover um ambiente de negócios competitivo, que atraia investimentos e facilite a abertura e o fechamento de empresas. Como deputado, vou promover a revogação de leis que oneram a iniciativa privada, por entender que o principal prejudicado com este encarecimento é exatamente o consumidor final.

COMUM: Acredita que o Prêmio Student for Liberty rendeu projeção para crescer politicamente?

Julio Lins: O prêmio foi o reconhecimento de um trabalho que eu e outros coordenadores do Student for Liberty Brasil realizávamos no Brasil, especialmente nas ruas, com manifestações, e nas universidades. Fui considerado o estudante do ano da maior rede de estudantes liberais do mundo, presente em mais de 110 países. Recebi o prêmio em Washington e saí de lá motivado a seguir na luta pelos meus ideais. Como eu disse no discurso da premiação: “a liberdade move meu coração. E por ela eu dedicarei toda a minha vida”.

Esse ano fui convidado para palestrar na conferência internacional do SFL para falar sobre o ativismo que continuamos a realizar no Brasil. Citei inclusive minha pré-candidatura a deputado estadual.

COMUM: Você foi um dos organizadores de protestos para derrubar a ex-presidente Dilma, no Brasil, e o ex-governador, José Melo, no Amazonas, há alguém em vista para começar um novo processo de revolução que você acredite que possa trazer melhoria?

Julio Lins: A maior revolução que podemos promover este ano é o voto consciente. Este sim tem poder de derrubar 24 deputados, 513 deputados, 2/3 dos senadores, 27 governadores e o presidente da República.

Orgulho-me da minha luta em prol da cassação de José Melo e do impeachment de Dilma Rousseff, especialmente porque eles foram os piores governantes que o Amazonas e o Brasil tiveram em sua história recente. No entanto, meu desejo maior agora é percorrer meu país e estado, conhecer a fundo seus potenciais e barreiras, para trazer à tona uma nova direção que nos tire destes maus e perdidos caminhos do passado

Foto: Divulgação/Assessoria

COMUM: Atualmente você trabalha com o quê?

Julio Lins: Atualmente estou totalmente voltado à pré-campanha, participando como bolsista do RenovaBR, programa nacional de capacitação de pré-candidatos comprometidos com bandeiras como responsabilidade fiscal e ética.

COMUM: Ainda está vinculado a Prefeitura, como chefe da divisão da articulação político-social?

Julio Lins: Trabalhei por 15 meses como chefe de divisão de articulação político-social do gabinete do vice-prefeito de Manaus. Saí para me desincompatibilizar nos termos da LC 64/90 e poder concorrer às eleições deste ano.

COMUM: O que tem a dizer sobre a situação denunciada em rede social de que você não aparecia no local de trabalho?

Julio Lins: Foram ataques levianos, mal-escritos, sem qualquer compromisso com a apuração da verdade. Aproveitaram-se do julgamento do Habeas Corpus do Lula e das minhas férias para emplacar uma manchete sensacionalista e minar minha pré-candidatura.

Não é à toa que nenhum jornal tradicional de Manaus repercutiu as calúnias do blog. Nem mesmo o A Crítica, principal opositor à Prefeitura, fez qualquer matéria, por saberem separar jornalismo de perseguição.

Após estes ataques, experimentei fazer stories no Instagram e Facebook com meu dia a dia nas visitas a comunidades e lideranças. A repercussão foi sensacional, e me aproximou ainda mais do meu público. No entanto, sempre deixei claro que meu trabalho como articulador político e minha pré-candidatura não se misturavam.

O maior aprendizado que estes 15 meses me proporcionaram foi conhecer de perto a máquina pública. Amadureci muito politicamente e sei que este conhecimento fará a diferença no meu trabalho como deputado estadual.

Se toda esta artilharia se voltou contra mim, só pode ser bom sinal.

COMUM: Você acredita que pode fazer mais como político que como militante?

Julio Lins: Acredito que meu trabalho como ativista político vai trazer maiores resultados se feito de forma institucional. Continuarei a lutar pelas bandeiras que sempre defendi, mas, como deputado, poderei buscar melhorias mais significativas.

Eu realmente acredito no que defendo. Me preparei a vida toda para isto. Este é o diferencial: minha trajetória é a prova-vida da minha vocação e da minha vontade de lutar pelo Amazonas.

Como dizem na política: “a eleição não é momento de plantar, mas de colher o que você plantou a vida toda”. Que dessa colheita saia um Amazonas livre e melhor para todos nós!

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