Manaus,25 de novembro de 2024

Secretária estadual de mulheres do PT acusa Sinésio de violência política

A secretária estadual de Mulheres e a vice-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) no Amazonas publicaram nesta quinta-feira (12/9), uma nota de repúdio contra o deputado e presidente da sigla, Sinésio Campos. As líderes femininas do PT atribuem ao deputado “abuso de poder e de violência política e psicológica” ao interromper reunião interna do partido na noite de quarta-feira (11/9).

No documento, a secretária Francinete Lima diz que a reunião da Executiva Estadual havia sido convocada para as 17h desta quarta. Porém, como Sinésio não havia chegado, a reunião começou às 17h42, com o quórum suficiente, e foi conduzida pela vice-presidente Kívia Mirrana.

“No entanto, de forma absolutamente desrespeitosa, o senhor Sinésio Campos adentrou a sala aos gritos interrompendo a condução da reunião, afirmando em tom agressivo que ele era o presidente ‘de fato e de direito’, exigindo que a vice-presidente parasse imediatamente de conduzir os trabalhos. Sua postura foi grosseira, arbitrária e profundamente machista e misógina, revelando um completo desrespeito para com uma mulher em posição de liderança”, diz Francinete em trecho da nota.

Em outro trecho da nota, a secretária estadual do PT afirma que a ação do deputado estadual e presidente do partido causou um visível abalo na vice-presidente. Kivia Mirrana teria saído da reunião chorando, segundo a secretária.

“Ademais, tal ato de desrespeito causou a companheira Kívia Mirrana um visível abalo emocional, e em lágrimas, se viu obrigada a se retirar da sala de reunião, profundamente atingida pela atitude violenta e autoritária do presidente. Como secretária estadual de Mulheres, eu estava presente e não posso me calar diante dessa demonstração clara de abuso de poder e de violência política e psicológica que vai contra tudo o que defendemos enquanto partido”, acrescenta.

Leia a nota de Francinete na íntegra:

Eu, Francinete Lima, secretária estadual de Mulheres do Partido dos Trabalhadores (PT), venho a público manifestar meu mais profundo repúdio ao senhor Sinésio Campos, presidente do diretório estadual do PT, pela atitude praticada durante reunião da Executiva Estadual, convocada para as 17 horas do dia 11/09/2024.

A reunião, que já contava com quórum suficiente, foi iniciada às 17h42 e conduzida pela vice-presidente Kívia Mirrana, conforme solicitação dos membros da Executiva presentes, tendo em vista que já havia se passado o tempo de tolerância e que o presidente não se fazia presente no início da mesma. Ao abrir a reunião, a vice-presidente Kívia seguiu o protocolo, lendo a pauta e dando início aos informes, em pleno respeito ao estatuto do partido, que garante à vice-presidente o direito de conduzir os trabalhos na ausência do presidente.

No entanto, de forma absolutamente desrespeitosa, o senhor Sinésio Campos adentrou a sala aos gritos, interrompendo a condução da reunião, afirmando em tom agressivo que ele era o presidente “de fato e de direito”, exigindo que a vice-presidente parasse imediatamente de conduzir os trabalhos. Sua postura foi grosseira, arbitrária e profundamente machista e misógina, revelando um completo desrespeito para com uma mulher em posição de liderança.

Ademais, tal ato de desrespeito causou a companheira Kívia Mirrana um visível  abalo emocional,  e em lágrimas, se viu obrigada a se retirar da sala de reunião, profundamente atingida pela atitude violenta e autoritária do presidente.

Como secretária estadual de Mulheres, eu estava presente e não posso me calar diante dessa demonstração clara de abuso de poder e de violência política e psicológica que vai contra tudo o que defendemos enquanto partido.O Partido dos Trabalhadores tem um compromisso histórico com a defesa dos direitos das mulheres, com a igualdade de gênero e com o respeito às mulheres em todos os espaços, especialmente na política.

Atitudes como essa são intoleráveis e representam uma afronta a esses princípios. Eu, como secretária estadual de Mulheres, repudio veementemente o comportamento do senhor Sinésio Campos e exijo providências para que situações como essa não voltem a acontecer dentro do partido.

Leia a nota de Kívia Mirrana na íntegra:

Diante dos acontecimentos de 11 de setembro de 2024, manifesto publicamente meu repúdio à postura agressiva, autoritária, machista e misógina do Presidente Estadual do Partido dos Trabalhadores e Deputado Estadual, Sinésio Campos. Neste dia, após 40 minutos de atraso para o início da reunião da Executiva Estadual do PT/AM, fui solicitada a iniciar os trabalhos, pois o Presidente não estava presente. Quando chegou, não se dirigiu à sala e, conforme as diretrizes partidárias, li a convocatória e prossegui com os informes, no pleno exercício das atribuições de Vice-Presidente.

No entanto, posterior ao início da nossa reunião com quórum, o Deputado entrou de forma intempestiva, interrompendo a reunião e alegando que apenas com sua presença poderia ser oficialmente iniciada, utilizando um tom autoritário ao afirmar ser o “presidente eleito de fato e de direito”. Sua postura gerou questionamentos que foram ignorados, reforçando seu comportamento impositivo e desrespeitoso, o qual não foi aceito por mim.

Aqueles que acompanham minha atuação sabem que, nos espaços em que represento a Executiva do Partido dos Trabalhadores, sempre destaquei o trabalho de seus membros e, por respeito às normas partidárias, reconheço a autoridade do Deputado Sinésio. No entanto, essa reciprocidade não tem sido observada. Em ocasiões como o lançamento do programa “Elas por Elas” deste ano, o Deputado se recusou a me cumprimentar ou a mencionar publicamente meu nome, mesmo com minha presença na mesa e na condução dos trabalhos ao lado da Secretaria. Tal atitude demonstra que o Deputado me ignora enquanto dirigente por ser mulher, jovem e me posicionar em favor do PT/Am, contra suas posturas individualistas.

Em diversas reuniões, sua conduta tem sido marcada por interrupções e provocações deliberadas contra falas que divergem de seu ponto de vista. Não foram poucas as vezes em que precisei chamá-lo à atenção por sua postura constrangedora, tanto comigo quanto com outros membros. Lembro ainda o caso amplamente divulgado na imprensa: o mesmo Deputado que levanta o dedo à Ministra Marina Silva é aliado do Governador Wilson Lima, responsável por conduzir uma das maiores taxas de homicídios no país. As vítimas? Filhos e filhas de mulheres trabalhadoras, as quais ele deveria defender.

Reitero de forma firme e contundente: o Deputado Sinésio Campos, historicamente, exerce seu cargo de forma autoritária, constrangendo os membros da Executiva, companheiros de outras tendências e diversas mulheres em posições de liderança. Além disso, ele frequentemente compactua ou se omite diante de atitudes daqueles que promovem práticas semelhantes.

Neste momento, não solicitarei retratações públicas do Deputado Sinésio Campos, pois está evidente que ele não demonstra compromisso com nossas pautas nem respeito pelas mulheres em posições de liderança. Seus atos recorrentes deixam claro que nossas demandas feministas não fazem parte de sua agenda. A minha relação com o Presidente será tratada pela Comissão de Ética do Partido dos Trabalhadores e levada ao conhecimento da Executiva Nacional do PT. A postura do Deputado em relação a mim não enfraquece meu compromisso firme de enfrentamento a seus atos, nem o meu vínculo com o Partido.

O Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Amazonas não pode, em hipótese alguma, tolerar em silêncio comportamentos intimidatórios e autoritários como os que vêm sendo praticados. É essencial que o partido se posicione com firmeza e coerência com seus princípios, combatendo qualquer tentativa de abuso de poder, desrespeito e constrangimento, especialmente contra lideranças femininas. Tais práticas não têm espaço em nosso partido e serão enfrentadas com a seriedade que exige a preservação da democracia interna e da igualdade de gênero, pilares centrais de nossa luta.

Deputado Sinésio Campos

A equipe do Comun Noticias buscou comunicação com Sinésio Campos. Porém, até o fechamento da reportagem não recebemos retorno sobre o tema.

Share