Hoje, falar sobre Inteligência Artificial (IA) é quase como jogar xadrez com o futuro —cada movimento traz novas possibilidades, mas também incertezas.
No painel “O Passado, Presente e Futuro da Inteligência Artificial” da Rio Innovation Week, três mentes brilhantes se reuniram para discutir os impactos da tecnologia no dia a dia.
Peter Norvig, uma referência global em IA e ex-diretor de pesquisa do Google, abriu a discussão com uma provocação: “A IA muda nossa visão sobre nós mesmos e nosso espaço na natureza.” Para ele, assim como Darwin mostrou que a raça humana não está acima dos animais, a IA nos obriga a repensar nosso lugar no ecossistema tecnológico e se encaixar.
Pedro Doria, diretor de jornalismo do Meio, e Tatiana Roque, professora e ex-secretária de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, trouxeram à mesa questões para conduzir a palestra.
Roque destacou que, ao contrário das certezas que buscamos na ciência exata, a IA está se tornando uma questão quase filosófica.
Norvig alertou que a IA pode ser uma caixa preta, onde nem sempre compreendemos as consequências do avanço. “Nós não sabemos qual o limite para esses modelos. Isso é um grande problema,” admitiu.
E, mesmo assim, ele se declarou otimista: “Estou animado para ver o que os próximos anos trarão, mas também consciente dos riscos. A incerteza parece ser a única constante.“
Quando questionado sobre o desenvolvimento concentrado da IA em grandes corporações e o papel do Brasil nesse cenário, Norvig demonstrou uma mistura de preocupação e esperança.
“Os novos modelos envolvem investimentos de milhões de dólares, e só grandes empresas podem jogar esse jogo. Mas há espaço para pequenos modelos mais baratos e igualmente eficazes,” disse. Ele destacou que a criação de modelos próprios para problemas específicos pode ser tão valiosa quanto os gigantes tecnológicos.
Ao final da palestra, a mensagem foi de que estamos num tabuleiro onde as regras estão sendo escritas à medida que jogamos, e o futuro — talvez mais do que nunca – é um jogo aberto.