No cenário político do Amazonas, os parlamentares têm utilizado as moções de repúdio, que na teoria são medidas para manifestar desaprovação de atos considerados ofensivos ou contrários aos princípios éticos e jurídicos, como ferramentas para ganhar visibilidade nas redes sociais.
“Moções de repúdio são manifestações formais que servem não apenas para expressar desaprovação, mas também para iniciar medidas concretas em relação ao problema em questão. No entanto, há um risco de banalização quando elas se limitam a gestos vazios, tornando-se uma forma de autopromoção”, explica o advogado, Hamilton Azevedo.
Apesar de sua utilidade em chamar a atenção para questões importantes e estimular discussões públicas, as moções de repúdio também enfrentam críticas quanto à sua eficácia prática. Muitas vezes, essas manifestações não resultam em ações legislativas ou políticas concretas que abordem as questões subjacentes aos atos condenados. A simples formalização de desaprovação pode parecer insuficiente diante de problemas complexos que exigem soluções substanciais e colaboração efetiva entre os poderes legislativo e executivo.
Além disso, o uso frequente de moções de repúdio como estratégia política levanta questões sobre sua sinceridade e impacto real nas políticas públicas. Parlamentares podem ser vistos como mais interessados na repercussão midiática e na construção de uma imagem pública favorável do que na resolução efetiva dos problemas enfrentados pela população.
Na busca por engajamento, compartilhamentos e curtidas nas redes sociais, os parlamentares têm usado as moções de repúdio para atrair a atenção do eleitorado e tentar consolidar uma imagem de liderança moral.
Exemplos no Amazonas
Moção de repúdio contra Ministra Marina Silva
O deputado estadual Wilker Barreto (Cidadania) propôs à Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) uma moção de repúdio contra a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, devido à sua postura em relação à BR-319. A ministra tem sido criticada por medidas que impedem o avanço das obras desta estrada crucial para ligar o Amazonas a Porto Velho e ao restante do país. Wilker formalizou o pedido de moção de repúdio na Assembleia, argumentando que a proposta é movida pela “intransigência da ministra que está impondo ao povo do Amazonas um sofrimento gigantesco”.
Moção de repúdio contra ex-Diretor do Banco Central do Brasil (BC)
Em resposta a comentários feitos durante uma entrevista no Jornal da TV Cultura, onde Alexandre Schwartsman criticou o modelo econômico da Zona Franca de Manaus (ZFM), Wilker Barreto anunciou que apresentará uma Moção de Repúdio contra o economista. Ele também enviará uma carta à TV Cultura sugerindo que debates sobre o modelo econômico industrial incluam especialistas conhecedores da ZFM.
Moção de repúdio contra Lula
O vereador Marcel Alexandre (Avante) apresentou uma Moção de Repúdio na Câmara Municipal de Manaus (CMM) em resposta a uma declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comparou as ações de defesa de Israel contra o Hamas ao holocausto. Marcel afirmou que tal posicionamento é reprovável por desrespeitar a memória das vítimas do holocausto e alterar a tradição de equilíbrio na política externa brasileira.
Moção de Repúdio contra a Amazonas Energia
O vereador Sassá da Construção Civil (PT) apresentou uma Moção de Repúdio contra a concessionária Amazonas Energia após uma polêmica propaganda que sugeriu que quem se opõe ao Sistema de Medição Centralizada (SMC) é a favor do crime. A moção foi aprovada por unanimidade pelos vereadores presentes no plenário, que criticaram veementemente a empresa por tal abordagem.