Os últimos acontecimentos da política amazonense evidenciaram que a indefinição para a escolha dos nomes para pré-candidaturas a prefeitura de Manaus dos principais partidos que representam a esquerda e a direita em Manaus permitiram com que a intervenção nacional partidária ditasse o jogo. As principais legendas de esquerda e direita precisaram recorrer diretamente para a bancada nacional para definir um nome nas eleições 2024.
O Comun resgataou a trajetória dos partidos até as definições que já anunciaram atualmente e traz o diagnóstico de cientistas políticos sobre o cenário.
Em 19 de março após semanas de articulação e rumores de que o escolhido do PL para disputar prefeitura em Manaus seria o próprio atual prefeito David Almeida, Capitão Alberto Neto é confirmado por Bolsonaro. Naquele mês estava sendo costurado também uma bandeira branca nos conflitos envolvendo Coronel Menezes, Alfredo Nascimento e Alberto Neto.
Menezes ficou de fora da chapa com Alberto Neto para disputar prefeitura de Manaus e se filiou ao PP.
A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, divulgou também neste mês, uma nota oficial dando boas-vindas ao ex-deputado federal Marcelo Ramos ao partido. No texto, ela confirma que Ramos foi convidado pelo presidente Lula a se filiar a legenda e se colocou à disposição de ser pré-candidato a prefeito de Manaus.
Antes disse, outros nomes foram levantados para disputar o pleito, como o da secretária nacional de mulheres do PT, Anne Moura, o do ex-deputado federal José Ricardo e do vereador Sassá da Construção Civil, além do próprio presidente estadual da legenda, o deputado estadual Sinésio Campos.
Especialistas explicam
Cientistas políticos relembraram que casos similares já aconteceram anteriormente em eleições recentes. Não seria a primeira vez que a direção nacional partidária define os rumos de candidatos nas eleições municipais.
Para o cientista político Carlos Santiago, as eleições de 2024 representam um fenômeno de nacionalização de eleições locais. Isso porque em Manaus, os nomes a candidato a prefeito refletem novamente em uma disputa Lula x Bolsonaro.
“A cidade de Manaus tem uma história em que ela não obedece o cenário nacional quando a eleição é para o cargo de prefeito. Isso aconteceu nas últimas eleições em que os fatores locais, os problemas locais foram fortes para a sociedade, para definir o vencedor do pleito municipal. Agora, há toda uma movimentação para nacionalizar uma eleição local, uma eleição municipal. Bolsonaro apoiando o Capitão Alberto Neto e Lula apoiando o Marcelo Ramos”, afirma.
O especialista Helson Ribeiro recorda ainda o caso de 2020, quando o presidente estadual do PT, no Amazonas, Sinésio Campos, foi escolhido para concorrer ao cargo de prefeito. Naquele ano, o então deputado federal José Ricardo recorreu à nacional e conseguiu o aval da nacional para disputar o cenário em Manaus.
“Há uma tradição, eu diria que infelizmente no Brasil, os partidos são feudos, eles têm donos, há uma verticalização muito grande das decisões, as decisões são tomadas nos gabinetes lá de Brasília e de certa forma impostas para os 5.600 municípios. Então, muitas vezes há divergências ou há uma simpatia do dono do partido com algum candidato e ele impõe. Caso o diretório não aceite, há uma intervenção, o diretório é uma substituição. Isso ocorre com muita frequência. Eu diria que ainda que a eleição seja municipal, uma forte influência federal ainda está presente na escolha principalmente de cabeças de chapas”, pontuou.