O Dia Internacional da Mulher, celebrado na última sexta-feira (8/3), é uma data
marcada não só por celebração de conquistas, mas também por batalhas por
igualdade e justiça. No entanto, na esfera política, mesmo com alguns progressos significativos, as mulheres ainda enfrentam desafios significativos.
Um levantamento realizado pelo Comun apontou que as mulheres ocupam menos da metade dos assentos nas casas legislativas, evidenciando uma disparidade gritante. É importante ressaltar que, historicamente, nunca houve uma mulher parlamentar presidindo a Casa legislativa da capital amazonense. Além disso, o Estado nunca teve uma governadora e a capital uma prefeita, evidenciando a ausência de representatividade feminina nos mais altos cargos políticos.
A advogada especialista em Direito Eleitoral, Maria Benigno, comenta que a cultura patriarcal no país relega as mulheres a papéis secundários, seja como esposas que permanecem em casa ou como auxiliares no ambiente de trabalho. “Nós vivemos numa cultura patriarcal em que a mulher sempre foi pensada para exercer papeis coadjuvantes. A esposa que fica em casa, ou mesmo no trabalho externo, a mulher sempre é vista como alguém que pode ser secretária de alguém, assessora de alguém, e nunca ela própria, a chefe, a comandante, a presidente, diretora, ou nos cargos políticos presidente, governadores e etc. Então, nós infelizmente vivemos numa cultura patriarcal muito arraigada no nosso país e esse talvez seja o principal fator”, declara.
Segundo Maria Benigno, a percepção de que as mulheres devem se concentrar exclusivamente nos cuidados do lar e dos filhos resulta na diminuição das oportunidades para elas competirem por posições de liderança. “Essa falta de oportunidade, ela é decorrente dessa nossa cultura patriarcal e machista. Não tendo essas oportunidades educacionais, nem de trabalho, e muito menos políticas, obviamente que os homens que
comandam os partidos políticos, eles também vão destinar menos recursos, menos tempo de televisão e rádio para essas candidaturas femininas. Ou seja, elas já saem com atraso, com déficit em relação às candidaturas masculinas, isso é fato. Então há uma desigualdade também nesse financiamento de recursos de candidaturas femininas”, destaca.
Para a especialista, é necessário uma mudança cultural para mudar essa realidade. “Enquanto isso não acontece, devemos focar na implementação de ações afirmativas, como cotas, financiamento obrigatório para candidaturas femininas, voto feminino contado em dobro, percentual de ao menos 30% de mulheres em cargos de liderança partidária e extensão da licença paternidade, para aproximar-se da igualdade de representação”, completou.