Após políticos bolsonaristas serem registrados junto ao novo ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, a Direita no Congresso Nacional se dividiu. Nomes como Sérgio Moro, General Mourão e até o deputado amazonense Silas Câmara enfrentam retaliação por parte de correligionários da direita por “abraçar” um ministro que o presidente Lula já declarou ser “comunista”.
No Amazonas, esse movimento também pode ser percebido em outras situações. O governador Wilson Lima (União Brasil), por exemplo, venceu a eleição com o apoio de Bolsonaro, mas atualmente possui uma base dividida pela Direita e pela Esquerda. Um outro exemplo é o deputado Sinésio Campos, que é presidente do PT-AM e faz parte da base do governador.
Para o cientista político Luiz Rodrigues, esses movimentos evidenciam as diferenças entre práticas de políticas-partidárias e políticas-ideológicas.
“Há uma relação entre a prática de política partidária e os conteúdos políticos ideológicos daqueles partidos, isso é exceção. A regra é que os políticos, os parlamentares, não guardam nenhuma relação ou quase ausência dessa relação com os seus respectivos partidos. É isso que vai explicar a mudança desses camaradas nos partidos políticos”.
Luiz explicou como funciona a questão de fidelidade à sigla. “O sujeito vai dormir no PMDB, acorda no dia seguinte no Novo, dois dias depois ele está no DC, três dias depois ele está no PSB Porque ele não tem uma identidade partidária, e Isso faz com que o eleitor também não tenha isso”, explicou.
O cientista comentou o comportamento dos eleitores bolsonaristas.
“Quando você tem um parlamentar como Silas Câmara, que se aproxima, e cumprimenta o Flávio Dino, há um outro elemento importante para a gente considerar, que é essa radicalização estúpida de parte do eleitorado bolsonarista, que não consegue pensar na política como uma ‘arte do diálogo’ entre as partes diferentes. Os bolsonaristas defendem uma política passando pela eliminação do outro. Para esses eleitores bolsonaristas, eles esperariam, do Silas Câmara, uma tentativa de eliminação do Flávio Dino. E jamais uma resposta, jamais uma manifestação de civilidade”, finalizou.