O Amazonas vêm passando pelo o que já é considerada a pior seca da história do estado, com quase todos os municípios do Estado com decretos de situação de emergência, com a população sofrendo enfrentando dificuldades para se locomover pelos rios e receber insumos. O Estado tem, inclusive, recebido recursos federais para prestar assistência às milhares de famílias afetadas.
Em meio a tudo isso, prefeitos de alguns municípios afetados seguem fazendo contratações milionárias com aluguéis, serviços e até mesmo shows. O Comun reuniu algumas dessas contratações, confira:
MANACAPURU – No dia 14 de outubro, o prefeito de Manacapuru, Beto D’Ângelo, assinou um contrato avaliado em R$ 490 mil, para a contratação da empresa “Zé Vaqueiro Original Music Ltda”, para a apresentação do artista na cidade. O Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) anunciou que irá investigar o contrato.
NHAMUNDÁ – De acordo com registro que consta na edição do Diário Oficial Eletrônico (DOE) dos Municípios do Amazonas, publicada na primeira segunda-feira de outubro (02/10), a Prefeitura de Nhamundá gastará R$ 156 mil na contratação de embarcações.
PARINTINS – No aniversário de 171 anos da cidade, dia 15 de outubro, a Prefeitura do município resolveu também contratar o cantor e compositor Zé Vaqueiro para uma apresentação. Parintins é um dos municípios que estão em estado de emergência por conta da seca dos rios.
BENJAMIN CONSTANT – Benjamin Constant foi uma das primeiras cidades que decretou estado de emergência, no entanto, o prefeito David Bemerguy (MDB) resolveu gastar R$ 1 milhão na compra de condicionadores de ar.
Para o cientista político Helso Ribeiro, com atos desse caráter, os gestores dos municípios acabam negligenciando a população. “Um exemplo apenas a título abstrato: o município não tem uma creche e contrata um cantor para fazer um show que vai custar R$ 1 milhão de reais… isto choca, choca e agride o bom senso. Mas é bom lembrar que quando ele faz isso, ele votou em uma lei um ano anterior prevendo um dinheiro X para cultura”, ressalta.
Helso também aponta que há meios de economizar verbas no municípios e prevenção situações provocadas por crises como esta que o Estado vive. “O município pode contratar pessoas do próprio município, que aí os gastos são reduzidos. Às vezes, tem a possibilidade de remanejamento de gasto, tira de um bota para outro. O problema é que nem sempre há essa fiscalização, e, por vezes, em nome de uma, interfere o que já é previsto. A gente sabe que, em maio do ano que vem, vai ter enchente, como a gente sabe que em outubro do ano que vem, vai ter outra seca. Então, não há um planejamento para isso e, em cima da hora, acabam remanejando verbas que seria verbas que seriam para atividades que são dignas de aplausos também”, concluiu.