Manaus,21 de novembro de 2024

Entenda o que pode acontecer com os dirigentes do Amazonas FC após agressões

Uma confusão marcou o final do jogo entre Amazonas e Paysandu, pela segunda rodada do quadrangular final da Série C, no último sábado (9/9). Membros das duas equipes começaram a discutir na entrada do túnel da Arena da Amazônia, o que resultou na agressão do preparador físico e de um atleta do time paraense. 

A convite do Comun, o advogado Bruno Glória, atuante na área de Direito Esportivo, analisou o caso. O especialista comentou sobre as consequências dos atos dos dirigentes do Amazonas FC após as agressões realizadas contra o time do Paysandu. 

 “Se confirmada a agressão, o presidente do Amazonas com certeza será denunciado na forma do artigo 254-A do CBJD, o código brasileiro de justiça desportiva, que prevê punições para agressões. A regra prevê uma suspensão de 30 a 180 dias das atividades. Isso depende do grau da lesão sofrida pelo atleta do Paysandu também”, relata Bruno Glória.

Segundo o advogado, além das agressões, Wesley Couto pode ser julgado por ofensa de teor discriminatório.

“A súmula também diz que o presidente do Amazonas proferiu ofensas contra a honra (artigo 243-F do CBJD) e tentou invadir o local destinado à arbitragem (258-B). O artigo 243-F pode ser substituído pelo 243-G se o procurador do STJD entender que “baiano” é uma ofensa de teor discriminatório. Ele pode pegar gancho de mais 120 a 360 dias, mais multa”, afirma o especialista. 

Conforme Bruno Glória, contra o time do Amazonas FC não há elementos que geram penalidade, mas isso vai depender da leitura do procurador do STJD: “Eu não vejo motivo para perda de mando, mas se o procurador entender usar o artigo 213 (confusões, invasão ou arremesso de objeto), aí o Amazonas pode correr risco de perda de mando”, disse. 

Entenda o caso

Toda a confusão aconteceu após o VAR não ter funcionado durante os 36 minutos do primeiro tempo. Nesse período, o Paysandu teve um pênalti marcado e que não foi revisado. Já na vez do Amazonas FC, o pênalti foi revisado e anulado. 

Por conta disso, membros das duas equipes começaram a discutir na entrada do túnel da Arena da Amazônia. O gerente do Amazonas, Frank Bernardo, acertou um soco em Thomaz Lucena, preparador físico do adversário. Na sequência, Wesley Couto deu um soco em Nayllor, do Paysandu. Quando o jogo terminou, o presidente do Amazonas ainda tentou invadir o vestiário dos árbitros. 

Pronunciamento 

Em nota, o Amazonas FC lamentou a confusão, porém sua maior preocupação foi com a ausência do VAR durante a partida e classificou como “péssima” a atuação da arbitragem. O time do Amazonas, considerou uma partida prejudicial para sua equipe. 

“Não é razoável que, uma partida marcada para acontecer há duas semanas, e sabido por todos que seria obrigado a utilização do VAR, receba a peça que faltava para o funcionamento da ferramenta com a bola rolando. Vale lembrar que, por conta disso, o pênalti que deu a vitória ao adversário não foi revisado, enquanto o que foi marcado ao nosso favor, contou com interferência direta do árbitro de vídeo, ferindo, por completo, o princípio da isonomia”, declara o Amazonas FC.

O time do Paysandu também emitiu uma nota, que expõem sua indignação pelas agressões “inaceitáveis praticadas contra seus funcionários”. A equipe comentou que não medirá esforços para que os agressores sejam punidos de forma justa pelas autoridades. 

A Federação Amazonense de Futebol (FAF) informou que lamenta profundamente os tumultos físicos na entrada do túnel de acesso aos vestiários. Destaca que não compactua com o ato de  violência praticado. 

A FAF se comprometeu em tomar medidas juntamente com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para identificar os responsáveis pela ausência do VAR no primeiro tempo e avaliar as razões desse ocorrido.

Suspensão 

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) publicou um documento oficial na quinta-feira (14/9), que suspendeu preventivamente por 30 dias o presidente do Amazonas, Wesley Couto, e o gerente de futebol do clube, Frank Bernardo.

“A suspensão preventiva se fundamenta observando os autos acostados, principalmente a imagem de vídeo dos acontecimentos ocorridos no jogo. As condutas do gerente de futebol e do presidente da equipe do Amazonas são de extrema gravidade e devem ser reprimidas”,  disse  o presidente do STJD José Perdiz.

O presidente do Amazonas, Wesley Couto, foi denunciado por infração nos artigos 254-A (praticar agressão física), 258-B (invadir local destinado à equipe de arbitragem) 243-F (ofender), 243-C (ameaçar alguém) e 219 (danificar praças esportivas) do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD).

O gerente, Frank Bernardo, foi denunciado com base no artigo 254-A do CBJD, que fala sobre praticar agressão física. O julgamento de Wesley Couto e Frank Bernardo acontecerá no dia 20 de setembro. 

Entramos em contato com a assessoria do Amazonas FC, mas o time informou que não se pronunciará sobre a decisão do STJD .  

 

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