Manaus,16 de novembro de 2024

Silêncio e covardia

(Brasília – DF, 27/08/2019) Presidente da República, Jair Bolsonaro e a primeira Dama Michelle Bolsonaro, durante cerimônia de Comemoração ao Dia Nacional do Voluntariado.
Foto: Carolina Antunes/PR

Na última quinta-feira, 31/08, o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua esposa, Michele Bolsonaro, em depoimento à Polícia Federal optaram por permanecer em silêncio face as perguntas relacionadas a suposta apropriação e comercialização de joias sauditas dadas de presente a ambos e que, por força legal, deveriam ser incorporadas ao patrimônio da União.

O direito ao silêncio é garantia fundamental prevista na Constituição Federal e pode, e deve, ser usada como estratégia de defesa. Principalmente porque nenhum depoente é obrigado a constituir provas contra si. Assim, se for para falar e se enrolar, melhor permanecer calado. E optando o depoente pelo silêncio não se pode inferir, de acordo com o bom direito, que isso constitui confissão de culpa. Não há implicações jurídicas, mas morais, convenhamos, são impossíveis de não mencionar.

Sabemos que ficar em silêncio é difícil para Bolsonaro, que se notabilizou por “falar besteiras pelos cotovelos”. Foi eleito em 2018 exatamente por “falar o que todos queriam ouvir”, um amontoado de bordões rasos e soluções genéricas, que se provaram inexequíveis, e que arrastou muitos incautos ao erro.

Falou durante todo seu mandato coisas absurdas: achincalhou jornalistas, xingou opositores, desautorizou publicamente seus ministros, vociferou contra ministros do STF, mentiu descaradamente para seus apoiadores, descredibilizou instituições democráticas, ofendeu autoridades de outros países.

Por falar demais, e fazer de menos, foi derrotado em 2022.

O homem que, citando a Bíblia, dizia “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” (João 8:32) optou covarde e cinicamente pelo silêncio. Assim, em sua pequenez moral perdeu a preciosa chance de mostrar a todos a verdade libertadora que antes alardeava incansavelmente.

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