Com a recente decisão da Petrobrás de implementar reajustes significativos, o Brasil tem testemunhado um aumento notável nos preços da gasolina e do diesel. No entanto, essa elevação dos preços não está sendo uniforme em todo o País. Enquanto alguns estados experimentam aumentos moderados, outros, como o Amazonas, enfrentam uma realidade de preços ainda mais elevados.
O Amazonas é o estado mais impactado pelo aumento dos preços dos combustíveis. Nos postos de abastecimento da região, o preço da gasolina já alcança o valor de R$6,29, resultando em um verdadeiro desafio econômico para os motoristas locais. No estado de São Paulo, por exemplo, o impacto foi menor, o preço nos postos passou de R$5,16 para R$5,49, alta de 6,3% de acordo com o levantamento da Sem Parar.
“Privatização” era a chave
Segundo o economista Inaldo Seixas, essa disparidade de preço no Amazonas é causada pela privatização da refinaria, que é uma das mais antigas do país.
“No Amazonas, com o processo de privatização da refinaria, ele fica de fora daqueles preços que são publicados pela Petrobras. Como em Manaus a maioria das distribuidoras, quase na sua totalidade, importam combustíveis com preços internacionais. Esse é o preço a ser pago pelos consumidores amazonenses pelo fato de terem privatizado a refinaria que nós tínhamos aqui, uma das refinarias mais antigas do Brasil. O processo de privatização de fornecimento de combustíveis derivado de petróleo para o Amazonas foi ruim, tendo um impacto significativo no bolso da população manauara e amazonense como um todo”, disse o economista.
Refazer processos de privatização
De acordo com o economista, o governo atual tem trabalhado para controlar o nível de privatização, com o objetivo de proporcionar uma maior estabilidade de preço para todos.
“Esses processos de privatização mal desenhados que foram feitos nos governos Temer e Bolsonaro, os governos de caráter neoliberal, privatizando tudo o que tinha pela frente, acaba nos trazendo prejuízo. E as evidências empíricas, ao fim e a cabo, agora nós estamos dando a razão àqueles que eram contra a privatização desses setores. Por exemplo, a questão da gasolina, aqui a gente vê que os sindicatos, a população brigou, fez manifestação, foi para o congresso lutar contra a privatização da nossa refinaria, e eles privatizaram com o argumento de que o fato de ser privado e ter vários distribuidores iria beneficiar o consumidor pela baixa de preço e o que nós estamos vendo é o contrário, justamente pelo fato de ser privatizado, a formação de um cartel, que aparentemente parece ser que tenha um cartel, estão afetando negativamente porque pagamos um combustível mais caro do que a média praticada no Brasil”, afirma.
Impactos na inflação
O especialista apontou, ainda, alguns impactos que o consumidor Amazonense sofrerá após os reajustes realizados pela Petrobrás e as consequências de estarem em um estado com refinaria privatizada.
“Vai impactar no bolso do consumidor e em muitas outras atividades como a agricultura familiar. Você tem transporte fluvial, que se usa muito no Amazonas, e utiliza muito combustível, para o transporte de pescados e produtos que são produzidos em outros municípios, levados e trazidos para Manaus e interior. Esses preços vão chegar ao consumidor com uma majoração pelo diferencial de custo dos combustíveis que tem em relação a outros estados. Isso impacta diretamente na economia, no bolso da população”, comentou.