A Câmara Municipal de Manaus é o resumo do provincianismo da cidade. Lá existem grupos que não se importam com os direitos da população que não pertença a seu fiel eleitorado. Esse é um dos berços históricos do atraso de Manaus frente a outras cidades que possuem políticas públicas para suas minorias.
Na segunda-feira (7/08) o vereador Marcel Alexandre (Avante) declarou que “não existe casamento entre iguais” se referindo a união civil entre pessoas LGBTQIAPN+. Se a afirmação fosse realizada no púlpito de uma igreja – local onde homofóbicos geralmente tem espaço para destilarem ódio e preconceito – talvez nem perdêssemos tempo questionando a afirmação. Contudo, vergonhosamente, o vereador fez a declaração na “Casa do Povo”, o parlamento municipal, durante uma sessão plenária.
O Supremo Tribunal Federal já pacificou a questão sobre o casamento homoafetivo, decidindo sobre sua legalidade. Não há que se discutir, não ao menos na CMM. O vereador esquece que ocupa cargo público e deve, irrestritamente, obedecer a lei. Mas, de forma tortuosa, Marcel coloca sua “fé” acima dos direitos de centenas de cidadãos que aqui residem. Na CMM, infelizmente, há outros como Marcel.
Mudando o assunto, mas permanecendo na várzea que é a CMM, somente na terça-feira (8/08) as declarações separatistas e xenofóbicas do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) – repercutidas nacionalmente desde o domingo (6/08) – viraram pauta na CMM. Discursos exaltados, xingamento e gritaria. Um show de horrores que não agrega e tem efeito prático nulo.
Nossa Câmara Municipal é atrasada em todos os sentidos e isso é muito ruim para a população em geral, não somente para as minorias. Ano que vem tem eleições e, se mantendo a “tradição”, a CMM deve renovar ao menos 50% dos vereadores e vereadoras. A grande angústia é saber que na próxima legislatura boa parte desses retrógrados ainda estarão por lá.