O vereador Raiff Matos (Democracia Cristã) usou seu tempo de fala para ficar calado na Sessão Plenária desta terça-feira na Câmara Municipal de Manaus (CMM). Com uma mordaça improvisada e usando cartazes com os escritos “DIGA NÃO A CENSURA’ e “COBRE SEU DEPUTADO FEDERAL’, o vereador protestou de forma silenciosa contra o PL 2630, informalmente conhecido como PL das Fake News e ainda por PL da Censura.
O tempo de cinco silenciosos minutos se estendeu e ecoou com apartes “combinados” e favoráveis à proposta de Matos. Os apartes vieram de Kennedy Marques (PMN), Marcel Alexandre (Avante), Elan Alencar (DC) e Roberto Sabino (Podemos). Declaradamente contrários ao PL 2630, os vereadores repetiram frases e teorias que podem soar conspiratórias e ainda houve ataques à imprensa.
Pares alinhados
Kennedy Marques, o primeiro dos apartes a favor do protesto s citou o PL como um instrumento de repressão do Estado e disse estar em outra esfera ideológica, mais facilmente atingida pelo Projeto de lei.
“Respeito a todas as pessoas dos partidos de esquerda, mas nós estamos em esferas diferentes. Tudo o que nos atingir lá em cima vai chegar para nós aqui em baixo. Vai chegar um momento que esse parlamento vai se desfazer, que o federal (Câmara e Senado) vai se desfazer e que nós vamos ter uma ditadura completa. Disso eu não tenho dúvida. E eu tenho muito medo que isso aconteça. Ser obrigado a sair desse país, (…) se deixarem esse PL passar, eu lamento. E que nós, nessa direção, vamos pagar um preço muito alto”, encerrou o aparte.
Socialismo radical
Marcel Alexandre usou o clichê de comparar o atual governo com o sistema político de países como Venezuela, Cuba e outros, citou veladamente a recente viagem de Lula à China e sugeriu uma “intervenção” dos Estados Unidos na questão.
“Peço aos meus pares que observem esse assunto com muito carinho, muita atenção e até muita garra. O nosso país está indo para uma ditadura, um caminho sem volta. Se conseguirem estabelecer o que está sendo estabelecido, como é o princípio dos países socialistas, um socialismo radical, totalmente alinhado com Venezuela, Cuba, e agora foram buscar reforço na China. Espero em Deus que tenha sido uma estratégia errada e que os EUA tenham acordado para a realidade que está acontecendo, porque se esse socialismo radical, que de trás está escondido o comunismo, se estabelece e tem o Brasil como um dos eixos principais na América Latina, não teremos muito a fazer a não chorar”, disse.