Com a proposta de alinhar ações para reduzir a mortalidade materna, infantil e fetal, representantes da área da saúde da Prefeitura de Manaus participaram, nesta quarta-feira, 13/7, da 3ª Reunião do Comitê Municipal de Prevenção do Óbito Materno Infantil e Fetal (CMPOMIF), realizada no auditório da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), na zona Centro-Sul.
Além de servidores da Semsa, o evento reuniu representantes da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), instituições de ensino, Organizações da Sociedade Civil (OSCs) e maternidades públicas e privadas, para dar continuidade à discussão de temas que visam fortalecer as ações em rede, a partir da análise da causa dos óbitos maternos, infantil e fetal.
Um dos itens da programação foi a palestra do médico neonatologista João Sidney Loureiro de Azevedo, que faz parte do Núcleo de Investigação de Óbito da Semsa, e destacou as principais causas que resultam em óbito infantil e fetal que incluem Doença Hipertensiva Específica da Gravidez (DHEG), hipertensão arterial anterior à gestação, infecções do trato urinário e hemorragias antepartos (sangramentos genitais que ocorrem durante a gravidez).
“Com exceção das hemorragias, dentre os quais destacam-se o descolamento prematuro da placenta, a placenta prévia e acretismo placentário (quando a placenta desenvolve uma aderência ao útero fora dos padrões considerados normais), das quais não podemos verificar as causas, as demais causas do óbito fetal são preveníveis. São situações que podem ser debeladas e até diminuídas com ações de promoção e prevenção de saúde. Daí a importância de, ao analisarmos o óbito, irmos além da perspectiva da doença, avaliando fatores sociais, econômicos e até o grau de escolaridade da usuária e seus familiares, porque os fatores educacionais interferem na compreensão da importância do pré-natal, por exemplo”, frisou.
Aprimoramento
Considerando esta realidade que vem sendo acompanhada pelo CMPOMIF, a Semsa vem qualificando suas equipes para aprimorar o pré-natal, a partir da análise dos dados da vigilância, segundo a coordenadora do Núcleo de Investigação de Óbitos, Aline Albuquerque.
A adoção de um instrumento denominado “Análise de causa raiz”, permite a identificação dos fatores que resultam em óbitos maternos, fetais e infantis. A partir desses dados, o conjunto de cuidados para mãe e bebê passam a ser aperfeiçoados na rede municipal.
“Conseguimos analisar a atuação das nossas equipes, checando a qualidade dos serviços, verificando o ‘caminhar’ da gestante numa unidade, identificando o que precisa ser aprimorado. Temos obtido bons resultados adotando medidas práticas e muitas vezes, simples”, explicou.
Orientações
A presidente do CMPOMIF, Lúcia Marques de Freitas, que também é gerente da Rede Cegonha da Semsa, informou que a função do Conselho é ser um espaço de troca de informações, análise e orientações direcionadas ao binômio mãe e bebê. As decisões são institucionalizadas e passam a ser adotadas nas unidades de saúde públicas e privadas, de modo a proteger a mulher e a criança no período de gestação, e a criança, após o nascimento.
“Procuramos criar ações de forma articulada, qualificando esse atendimento para evitar as situações que resultam em óbito. A partir da identificação dos fatores condicionantes, podemos reduzir a mortalidade infantil e fetal”, observou.
Casos
Dados do sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) indicam que em 2020 ocorreram 425 óbitos fetais, enquanto em 2021 foram registradas 449 ocorrências.
A morte fetal, que não está inserida na mortalidade infantil, está dividida em fetal precoce, que ocorre na vida intrauterina até 22 semanas de gestação (abortamento), óbito fetal (que acontece na vida intrauterina, entre 22 e 28 semanas gestacionais) e o óbito fetal tardio, que ocorre e na vida intrauterina, a partir da 28ª semana até o nascimento.
Os dados do SIM também mostram dados de óbitos neonatais precoces (que ocorrem quando a criança está com até seis dias de vida), neonatais tardios (do sétimo ao vigésimo sétimo dia de vida) e pós-neonatal (a partir de 28 dias até 364 dias de vida completos). Os dados apontam que em 2021 foram registradas 247 ocorrências, e no ano passado, 249.
Já o óbito neonatal tardio apresentou 69 casos em 2020 e 79 em 2021. Há ainda o pós-neonatal, cujos registros foram de 161 e 159 em 2020 e em 2021, respectivamente.