A obtenção de um “lubrificante verde” ecologicamente correto, produzido a partir dos resíduos de óleo das frituras, que poderiam ser descartados no meio ambiente, é a base de pesquisa apoiada pelo Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), pelo Programa de Apoio à Pesquisa Universal Amazonas, edital nº 006/2019. A expectativa do estudo é desenvolver uma alternativa para reduzir os impactos ambientais causados pelo descarte incorreto dos óleos usados na culinária.
O Programa de Apoio à Pesquisa Universal Amazonas financia atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, que representem contribuição significativa para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do Amazonas, em instituições de ensino e pesquisa com sede no estado.
Coordenado pelo doutor em Engenharia de Recursos Naturais, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Anderson Mathias Pereira, o estudo, já em andamento, pretende reaproveitar o óleo residual de fritura para a produção de um lubrificante biodegradável, que poderá ser utilizado nas embarcações e indústrias da região Amazônica, diminuindo o impacto ambiental. A pesquisa também apela para a sensibilização da sociedade sobre os danos causados pelo descarte incorreto do produto.
“Quando se descarta os resíduos do óleo de fritura dentro da pia, além de causar danos ambientais, poluindo nossas águas, causam também entupimento das encanações e dos filtros de tratamento de esgoto, elevando o custo com manutenção. Por isso, estamos estudando essa alternativa para o reaproveitamento desse óleo”, afirma.
Anderson Mathias destaca também que os lubrificantes de origem mineral, da mesma forma que os óleos de frituras, causam danos não somente à natureza, mas aos seres humanos, quando utilizados, por exemplo, como fluído de corte nas indústrias.
“É um produto altamente prejudicial ao trabalhador, porque o produto é feito à base de petróleo. A pesquisa pretende dar aplicação correta para os resíduos de óleo residual de frituras que, consequentemente, pode diminuir a dependência do lubrificante à base de petróleo. Essa investigação é possível, graças ao apoio da Fapeam, que estimula e financia esse tipo de estudo que oferece benefícios ao Estado do Amazonas, além de qualificar e estimular nossos alunos a ingressar na academia e na pesquisa”, enfatiza Anderson Mathias.
Números – De acordo com a Oil World, o Brasil produz cerca de nove bilhões de litros de óleos vegetais por ano, dos quais 1/3 corresponde aos óleos comestíveis.
Segundo Anderson Mathias, em Manaus, cada família consome, em média, quatro litros de óleo por mês e descarta um litro. Isso significa que mais de 500 mil litros de óleo são descartados pelas famílias manauaras todos os meses, prejudicando o meio ambiente.
Etapas – A pesquisa está sendo executada no Laboratório de Processos de Separação (Labpros/FCA/Ufam), Laboratório de Pesquisa e Ensaios Combustíveis (Lapec), Central de Análises Químicas (CAQ/UEA), em parceria com o Laboratório de Operações de Separação (Laos/Universidade Federal do Pará), e envolve cinco etapas: aquisição e pré-tratamento do óleo, obtenção dos ésteres, análises dos ésteres obtidos, obtenção do biolubrificante, análises do biolubrificante. O estudo está em fase de finalização da terceira fase.