As atividades proporcionadas pelo programa de ressocialização Trabalhando a Liberdade, da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), continuam dando bons frutos dentro do sistema prisional. Por meio da chance promovida pelo programa, do qual participa há um ano, o reeducando José (nome fictício) pôde encontrar na arte a chance para o seu recomeço, sendo hoje um dos principais responsáveis pela pintura de quadros e confecção de peças que compõem a ornamentação natalina do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj).
Natural do município de Carauari, interior do Amazonas, e cumprindo pena há 12 anos no Compaj, José pôde se reinventar dentro do sistema prisional ao encontrar um novo sentido para a sua vida por meio da pintura. A partir da atividade, ele desenvolveu uma nova profissão e um novo caminho rumo a sua ressocialização. Atualmente, José está à frente da equipe de artistas que já realizaram a pintura de 17 quadros natalinos dispostos pelos corredores e salas da unidade prisional.
“Essa é uma das oportunidades que estou tendo para sair daqui como uma pessoa melhor. Eu gosto de pintar e gosto de desenhar, então o diretor ficou sabendo e foi aí que ele me disponibilizou essa chance para estar desenvolvendo a pintura desses quadros”, conta.
Antes de entrar para o sistema, o reeducando trabalhava como pescador, profissão que adquiriu de família. As técnicas e o gosto pela arte vieram no cumprimento da pena.
“Comecei a pintar para valer agora neste ano, e tudo o que eu sei sobre a área eu aprendi aqui dentro. Quando entrei no programa eu tive a oportunidade de desenvolver ainda mais as técnicas que já conhecia e pude colocar em prática tudo o que aprendi no decorrer dos anos”, declara.
O objetivo de José agora é levar a nova profissão para além dos muros. “Quando sair daqui pretendo continuar na área da pintura e espero ter apoio suficiente para isso, pois para mim, pintar esses quadros agora significam tudo, porque a arte nesse momento é tudo o que eu tenho e tudo o que mais gosto de fazer”, afirma.
Propagando o conhecimento – Na equipe de José, estão outros seis reeducandos do Compaj, também participantes do Trabalhando a Liberdade. Eles trabalham diariamente na pintura dos quadros e recebem aulas do companheiro, com quem aprendem novas técnicas e obtêm conhecimento. Um deles, Luiz (nome fictício) falou sobre a importância da atividade.
“Estar aqui é muito bom, porque o meu colega tem a paciência de nos ensinar muito bem. Eu já sabia desenhar lá fora, mas nunca tinha feito um quadro, e agora estou aqui desenvolvendo minha primeira arte. Eu desenhei e pintei, mas as técnicas quem me ensinou foi ele; as sombras, os contornos, todos esses detalhes foram com ele”, afirma.
Benefícios – O diretor do Compaj, Felipe Abreu, destacou os benefícios do trabalho.
“Hoje temos aqui na unidade um interno que já tem o dom da pintura, realizando o desenvolvimento de quadros de altíssima qualidade, um artista completo. Porém o mais importante foi conseguir multiplicar esse conhecimento, no qual, presos que nunca pintaram nada, estão totalmente motivados por aprenderem algo tão valioso em uma data especial como Natal”, observou.
Remição de pena – Os detentos que integram o Trabalhando a Liberdade podem diminuir um dia de suas penas a cada três dias trabalhados, conforme prevê a Lei de Execução Penal (LEP), Lei nº 7.210/1984.