Manaus,7 de novembro de 2024

Amazonas desacelera gravidez entre adolescente

Laize Minelli

Segundo levantamento dos principais estudos do país, o Amazonas tem passado por uma desaceleração da taxa de natalidade entre adolescentes nos últimos dois anos.

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2014, mostram que o número de meninas com menos de 15 anos que haviam engravidado no período de 2010 a 2014 havia aumentado 50,3% em todo o país. Somente a região Norte concentrou, em 2015, 23,3 % das gravidezes do país no grupo etário de 15 a 19 anos, um padrão jovem que que diferencia a região, no que tange a sua estrutura etária de nascimentos, das demais. Entretanto, as taxas do ano seguinte mostraram uma queda nesse número.

De acordo com pesquisa do Ministério da Saúde, em 2015 nasceram 19.762 crianças de mães adolescentes com idades entre 15 a 19 anos, no Amazonas, já em 2016 o número caiu para 18.023 nascimentos. Das em idade de 10 a 14 anos nasceram 1.432, em 2015, com queda para 1.292 no ano posterior.

A pesquisa também mostra que mais da metade dessas mães, aproximadamente 51%, é solteira e possui no máximo o Ensino Fundamental completo.

Para a médica obstetra Hilka Santo, a gravidez na adolescência exige cuidados multidisciplinares. “Elas (as jovens mães) não estão fisicamente nem psicologicamente preparadas para ter um bebê, não tem estrutura para uma gravidez nem para o pós-parto, precisam de acompanhamento para não ter problemas com hipertensão, muito comum nessa idade, problemas por conta de a estrutura óssea não estar pronta, na hora do parto. O ideal seria um pré-natal rigoroso com atendimento de psicólogos para ajudá-las a entender todas essas transformações e a continuar o pré-natal, que é uma coisa que muitas abandonam por não saberem a importância” explica.

Trabalhando em consultório particular e hospital público, ela afirma que é mais comum a gravidez entre meninas de baixa renda. “Nos hospitais públicos eu recebo muitas meninas de 14, 15 anos, as mais velhas estão com 17”, e revela as principais preocupações das novas mães: “Elas sempre perguntam se vão engordar, se o corpo delas vai suportar o parto, como é amamentar, se o corpo delas vai voltar a ser como antes” conta.

Rebeka Brito, é mais uma dessas milhares de meninas que engravidam antes de terminar os estudos e temem pelo futuro. Aos 15 anos, cursando o primeiro ano do Ensino Médio, a adolescente se descobriu gestante. “Foi uma coisa que me surpreendeu muito quando eu descobri. Eu não estava esperando” conta.

Grávida de quatro meses, Rebeka já começou o pré-natal pelo Sistema Único de Saúde e usa os programas sociais disponíveis, mas fala que além dos medos, o mais difícil é lidar com a sociedade ao redor. “ Tenho um pouco de medo na hora do parto, pretendo ter normal. Está sendo difícil pra minha família e pra mim tá sendo muito constrangedor ainda” disse ela que ainda tem dois anos pela frente e espera poder os estudos no curso regular com a ajuda dos amigos.
Ações de prevenção

Na rede municipal, a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), por meio do Núcleo de Saúde da Criança e do Adolescente, desenvolve ações para reduzir esses índices de gravidez na adolescência e implantou um programa chamado Caderneta de Saúde do Adolescente para, nas Unidades Básicas de Saúde, que aliado ao Programa Saúde na Escola – PSE, presente em 164 escolas municipais e estaduais -, é outro mecanismo utilizado para se trabalhar nas escolas, com palestras sobre prevenção à Doenças Sexualmente Transmissíveis, Gravidez e como usar a caderneta junto aos atendimentos médicos.

Para evitar que mais jovens engravidem e deixem as escolas, outras ações vem sendo desenvolvidas com objetivo de contribuir para o tema em questão, como o Planejamento Reprodutivo, que está implantado em todas as Unidades Básicas de Saúde, com a distribuição de métodos contraceptivos para adolescentes, mulheres em idade fértil e camisinha para a população masculina.

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