Laize Minelli
As idas e vindas de passos rápidos no dia a dia, o tumulto das compras, a correria para atravessar no próximo sinal faz com que as pessoas nem bem reparem na praça que apareceu bem no meio do caminho. O resgate histórico da Praça 15 de Novembro, feito pouco mais de duas semanas, haveria passado despercebido a diversos olhos, não fosse a queda dos tapumes e o maior espaço no Centro de Manaus.
A pressa cotidiana e habitual faz com que a praça, popularmente conhecida como Praça da Matriz ou do Relógio, seja apenas um lugar de passagem e não um espaço para passeio e apreciação.
A obra simbólica é em homenagem à Proclamação da República e foi inaugurada em 1845. Contam os livros de história que o governador da época, Eduardo Ribeiro, quis estabelecer uma Manaus conforme os padrões europeus e aterrou, canalizou e transformou alguns igarapés da área central em ruas, avenidas deixando galerias por baixo. A Praça 15 de Novembro estaria então, construída sobre os igarapés da Ribeira e do Espírito Santo, que foram aterrados.
Diversidade de nomes
O doutor em História Social, Otoni Mesquita, conta que o local já recebeu diversos nomes como Largo da Olaria, Praça Osvaldo Cruz, Rampa da Imperatriz, Praça do Comércio, Praça da Alegria. “Somente a partir de 1893, depois da Proclamação da República é que ela ganhou o nome que carrega hoje” disse.
A praça, que se mistura ao desenvolvimento da cidade, passou por diversas intervenções ao longo da sua existência. “Quando o Jorge Teixeira foi prefeito da cidade, em 1973, ele eliminou muitas árvores, mangueiras, outras praças. Nos anos 60 havia um posto de gasolina, dois espaços que eram abrigos, tudo próximo à Praça da Matriz, ele demoliu tudo. Essa foi a nossa praça principal na época da Província, tivemos a tentativa de abrir um cais também” contou.
Hoje, a área, antes cobertas por jardins, perdeu sua parte da frente para o terminal de ônibus e as laterais para as lojas. Quanto a estar construída sobre galerias subterrâneas, Mesquita afirma ter conhecimento sobre o aterro dos igarapés, que vai até a rua Saldanha Marinho, mas não confirma a existência de nada além disso.
Mesquita também alerta para a necessidade de se manter em uso pela população para preservar o patrimônio como área de lazer “As pessoas têm que usar, é uma espaço de convivência, que deve ser para conversar, passear, senão ela pode ser ocupada pelo subemprego, prostituição” justificou.
Outros monumentos
Localizada no coração da cidade, a Praça abriga a Catedral Metropolitana de Manaus, conhecida como Catedral Nossa Senhora da Conceição ou somente Igreja da Matriz.
De acordo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o ano de sua construção é 1659 pela Ordem dos Padres Carmelitas, em 1850 sofreu um incêndio e foi reaberta em 1878. Conta-se também que o prédio da matriz foi custeado pela Província do Amazonas com a ajuda do Império brasileiro
O Obelisco, na avenida Eduardo Ribeiro, é de 1948, um monumento Comemorativo ao 1º Centenário da Elevação da Vila da Barra do Rio Negro à Categoria de Cidade (1848-1948) enquanto o famoso Relógio Municipal é alguns anos mais novo, de 1929.
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