Rojefferson Moraes*
Criado no ano de 2005 com a finalidade de veicular informações a respeito de ações predatórias, que colocassem em risco a fauna e a flora do Distrito do Purupuru, localizado no município de Careiro Castanho, distante 87 Km da capital do estado, o jornal escolar Brado Selvagem foi um marco pedagógico na Escola Estadual Pedro dos Santos.
Em 2016 o projeto foi retomado, após 11 anos em off, só que reformulado, e com uma proposta desafiadora: registrar o histórico das onze comunidades que compõe o distrito. Tornou-se uma ferramenta pedagógica de iniciação científica para estudantes do Ensino Fundamental II e Ensino Médio. Coordenado pelo Profº. Rojefferson Moraes, com apoio da Profª Michele Maciel, o jornal passou a se chamar O Brado – Jornal Escolar, e hoje, um ano após sua retomada, o projeto já conta com resultados extremamente significativos, não apenas para o projeto em si, como também para a escola, para o próprio distrito, e, principalmente para os estudantes que fazem parte do projeto e hoje já atuam como pesquisadores e jornalistas em suas comunidades.
No lançamento de sua edição de retorno, o projeto promoveu na escola o Sarau Declame para Drummond que aconteceu em diversos estados do país, além de um concurso literário com estudantes e funcionários. O projeto já foi citado na Universidade Federal do Maranhão, concorreu ao Prêmio Laureate Brasil – Jovens Empreendedores Sociais, registrou o histórico de quatro comunidades ribeirinhas do distrito, levou os estudantes para conhecerem o Centro de Empreendedorismo do Uninorte, fazerem a cobertura do Festival Floresta Encantada (Manaus), e participarem da 1ª Mostra Literária do II CMMPF Deyse Lammel Hendges, em Presidente Figueiredo, e este ano foi selecionado para fazer parte do PCE – Programa Ciência, da FAPEAM e SEDUC.
Com pretensões de se manter como a primeira plataforma de veiculação de informação do Distrito do Purupuru o projeto hoje conta com a participação de onze estudantes, todos moradores do distrito, são eles, Aila Medeiros, Caroline dos Anjos, Daniele da Silva, Thais Parente, Thamily dos Anjos, Camila Vargas, Darison de Castro, Diana Moraes, Mirian dos Santos, Dhominik Silva e Diego Moraes.
Segundo o gestor da escola Prof. Luis Almeida, o projeto é uma grande oportunidade de integração entre escola e comunidade, além de ser uma grande chance dos estudantes exercitarem suas habilidades e competências. Nesse contexto o projeto acaba exercendo mais do que uma função pedagógica, pois serve de espaço para o protagonismo juvenil num cenário de dificuldade de acesso à informação, bem como serviços básicos que o poder público ainda não disponibilizou para esses estudantes, como a internet, por exemplo. Sendo assim, os estudantes passam a atuar como produtores de conhecimento, e a influenciar outros jovens a se posicionarem, questionarem, e valorizarem a localidade onde nasceram, e se criaram. Esse sentimento de pertencimento fortalece a autoestima, bem como a necessidade de transformar a comunidade num lugar mais aberto às ações desenvolvidas pela juventude.
*Rojefferson Moraes é professor, empreendedor social, produtor cultural e poeta. Autor dos livros “Digitais, Poesia Crônica”, “Lembranças de uma noite qualquer” e “O dia em que Carla assassinou o meu gato e outras crises de amor”.
Obs: O artigo assinado é de inteira responsabilidade do seu autor, não refletindo necessariamente o ponto de vista do Comun.
